25 março 2014

Uma dança denominada "cigana"

Uma dança denominada "cigana"


Estudar, investigar ou experimentar as danças ciganas é...
Mergulhar em diversas culturas,
Viajar o mundo, sem precisar sair do lugar,
Sair do lugar através do movimento, do corpo...
Sair da zona de conforto e experimentar novas possibilidades de movimento,
E descobrir as diferentes qualidades dele, em busca de uma reprodução fiel do que se propõe a fazer.
É considerar o fator tempo-espaço, observando e absorvendo o contexto sociocultural (e político) em que a dança acontece.

Pode parecer complexo, mas é necessário se localizar, reconhecer o seu lugar em meio a um universo tão amplo que abrange o povo cigano, sua cultura e sua dança.

Percebe-los enquanto etnia é...
Ampliar o olhar e enxergar muito além do horizonte,
Não se fixar em uma única verdade,
Reconhecer que a dança cigana é composta por muitas verdades e inverdades...

Não basta deixar o seu corpo fluir,
Mas reconhece-lo e saber 'como' ele deve fluir...
É afinar os ouvidos e fazer a música reverberar através do movimento.
Em qual movimento?!
Aquele que a música exige e vem de mãos dadas com toda uma história, com uma estética, com uma maneira de se dançar envolta de gestos que identificam uma dança, sejam eles simbólicos ou não, mas que carregam a identidade de um povo.
Uma história que ao se encontrar com a sua, se transforma.
Até onde deixar esta transformação tomar conta da sua dança sem que se perca a principal essência do que se propôs a fazer?
Até que ponto pode-se transformar e continuar denominando esta dança como dança cigana?

Usar o rótulo "dança cigana" nos prende a uma maneira de se dançar, mas...
Se preferir,
Liberte-se deste rótulo e deixe-se levar, dance a sua dança, mas distancie-se das palavras "cigana", "autêntico", "tradicional" e entregue-se a liberdade, a exploração de movimentos, emoções, sensações e só a chame de cigana se possuir fundamentos convincentes que a identifique como tal.

Saphyra (Cristiane Wilson)
De um lado, pesquisadora das danças ciganas, aquela que busca a reprodução fiel dos movimentos reproduzidos em cada contexto e de outro lado, intérprete-criadora, aquela que acredita na busca de uma dança própria, na liberdade de criação e exploração de movimentos...
Na defesa do uso de uma denominação ideal para cada trabalho, para cada dança, para cada momento.
E a questão: Qual a sua dança?

Escrito por Saphyra Cristiane Wilson em 25/03/2014

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