17 abril 2012

Mercado Persa 2012 - Minhas impressões



Mercado Persa – Minhas impressões: do que vi, do que presenciei e vivenciei. 



Uma palavra para descrever o Mercado Persa: emoção!

São muitas emoções e tudo a flor da pele. Aí a delicadeza do evento que mexe tanto com quem dele participa, aprecia, trabalha ou organiza.

Na sexta-feira iniciaram-se os concursos. Depois de muitos ensaios, chegou a hora! Chegou o dia! É hora de mostrar o que você preparou, é hora de mostrar a sua dança, de se expor e ser avaliada pelo júri, pelo público, pela professora e por você.


O nervosismo pode te atrapalhar, você pode achar que foi ruim ou que foi bem, mas a incerteza de como o júri recebeu a sua dança te acompanha até o último instante, ninguém tem a certeza da classificação enquanto ela não é anunciada. E então, o resultado é anunciado e não tem como não se emocionar, é de arrepiar estar ali presente e sentir esta emoção de quem dançou e do público, que carinhosamente esquenta este clima e contribui com a energia que paira no ar.


A conquista da colocação não deve ser o mais importante e o que mais deve passar na cabeça de quem chega lá, mas creio que o reconhecimento e vencimento da sua própria barreira são mais importantes. Ganhar uma colocação não faz ninguém melhor do que ninguém, mas naquele dia, naquele momento, naquela situação, com determinados jurados, foi assim e o que vale é este momento único que não tem volta, e enquanto júri eu sinto a satisfação de ter contribuído em proporcionar tamanha alegria.

Depois de julgar a dança cigana e me emocionar com as campeãs sendo anunciadas, assisti ao show de gala, uma viagem ao túnel do tempo, a evolução da dança do ventre no Brasil desde seu início que me fez refletir: evolução ou decadência?

E eu mesma concluo que nem evolução e nem decadência. Cada um tem suas preferências e se encontra em determinado período. Conhecer é sempre bom, saber que caminho nós estamos seguindo é de extrema importância, mas onde cada um que estar é escolha pessoal!

Eu particularmente me encantei com o passado e me encontrei no período em que me reconheci como profissional da dança do ventre, mas o que vem depois disso me entristece por não encontrar mais a essência da dança do ventre. Faz parte da evolução, mas cada um evolui pelo caminho que escolhe, eu escolhi o meu, não tão vendável e comercial, mas que me faz feliz e me completa como artista.

E neste caminho de evolução a dança do ventre tem cada vez mais adeptas, cada ano mais e mais praticantes e novas profissionais surgem e mostram sua cara neste grande evento. Outras caras deixam de aparecer e a dança do ventre no Brasil vai seguindo o seu rumo. 


Muitas bailarinas, muitas apresentações, muita coisa boa, muita gente dançando bem e muita gente dançando muito bem, poucas tirando o meu fôlego e me fazendo arrepiar e emocionar, poucas mostrando a sua marca pessoal, a sua essência, a sua criação. Entendo criação como algo extremamente novo, inusitado, nunca antes experimentado e não apenas um desenho coreográfico dos mesmos movimentos executados pela maioria dos grupos. A dança do ventre vira de fato um grande mercado, um lugar onde se gira muito dinheiro, muito investimento e o retorno financeiro é para poucos, mas a satisfação pessoal é para todos e para vida toda.

Então, sigamos dançando e nos satisfazendo como indivíduos, fazendo parte desta onda oriental que toma conta do nosso país.

Saphyra Cris Wilson – 16/04/2012
www.saphyra.com.br