06 junho 2011

Pela França...

Pela França...


Passei 15 intensos dias na França...

Em Paris, tive aulas de dança com Simona Jovic, detalhista e exigente, me fez sentir forte e segura por saber que do outro lado do mundo alguém pensa a dança cigana como eu... Ufa! Saí de viagem após ter freqüentado algumas festa temáticas ciganas, após ter assistido a muitas apresentações dos atuais grupos de dança e fui embora me sentindo na “contra mão”, pensando que devo estar errada, afinal sou a minoria a acreditar em uma dança cigana que não vejo ninguém praticar. Mas lá em Paris, de origem Sérvia, a Simona me fez confirmar que estou no caminho certo, sigo sendo a minoria, mas continuarei assim, trabalhando minha dança conscientemente e tentando o quanto eu puder dividir este conhecimento.

Então, parti para o meu tão esperado destino: Saintes Maries de La Mer. Chegar lá não foi fácil, peguei avião, trem e deveria tomar um ônibus que naquela hora da noite já não havia mais. Mas por muita sorte encontrei um taxi na porta na estação. Ao entrar na cidade com o corpo cansado da viagem, ansiedade e o medo de quase ficar pelas ruas de Arles com as malas nas mãos, me fizeram ir direto ao hotel dormir, mesmo porque nada havia na cidade naquela hora.

Logo pela manhã, saí pelas ruas de Saintes Maries, escutei de longe a música cigana tocada pelo grupo Raspoutine, da Romênia... Enquanto eu os filmava o meu corpo tremia de emoção.


Entrei na gruta de Santa Sara, uma sensação inexplicável! Ver tão de pertinho aquela imagem que há tantos anos está na minha vida. Um filme passou na minha cabeça, desde meus primeiros passos na dança e toda a minha ligação com a cultura cigana durante tantos anos até os dias de hoje e o que ainda está por vir. Ofereci um lenço a ela, foi um momento único vê-la vestida com este lenço vermelho com dourado, eu não conseguia sair de lá, queria ficar olhando para ela o tempo todo... Saí, mas todos os dias da minha estada em Saintes Maries fui visitá-la na gruta.


Todos os dias, a qualquer hora, em qualquer rua pode-se escutar músicas ciganas, artistas de qualidade são encontrados a cada esquina, a cada mesa de restaurante. Pelas ruas de Saintes Maries tive o privilégio de ver os Urs Karpatz, os Raspoutine e até a tão esperada Negrita... Nada programado, tudo vai acontecendo natural e espontaneamente, é questão de sorte passar em determinado lugar no momento certo.

No dia de Santa Sara, assisti a missa e acompanhei a procissão desde sua saída da igreja, passando pela cidade. A sua frente os brancos cavalos de Camargue, músicos, devotos, turistas, fotógrafos, muita imprensa, todos seguem até a praia onde é levada ao mar e depois trazida de volta a igreja. Eu não sabia de onde acompanhar a procissão, todos os lugares seriam interessantes, após a imagem passar ao meu lado na igreja, corri para rua para ver sua saída, depois corri para uma rua mais a frente onde pude ver toda procissão passar do começo ao fim, e depois corri a praia esperando-a chegar, assim que ela saiu pisei no mar e “lavei minha alma”.


Tive ainda a oportunidade de assistir ao vivo a um show do Thierry Robin, que estaria em um concerto gratuito em uma praça de Montpellier, pertinho de Saintes Maries. Que delícia poder presenciar este grande artista que durante tantos anos tenho dançado suas músicas e posso dizer que são das minhas preferidas.

Depois de tudo que havia vivenciado eu já estava satisfeita com a minha viagem e poderia voltar para casa, mas eu ainda tinha 3 dias que ficaria em Arles (cidade do Gypsy Kings). Verifiquei no site do Chico (Chico and the Gypsies) que em sua fazenda, chamada Patio de Camargue, haveria um jantar com show de música e dança. Ninguém se interessou em ir comigo, mas eu estava ali do lado não poderia deixar de ir. Fui sozinha e não me arrependo. O lugar é maravilhoso! O show do New Gypsies tem um dos filhos do Chico como integrante. E todos os organizadores do evento, sabendo desde o início que eu era estrangeira e não falava francês me deram a maior atenção, fui muito bem recebida. E ainda, por estar sozinha, fui convidada para sentar a mesa deles, com a moça que me recepcionou eu falava em inglês e com o rapaz em espanhol. Qual não foi minha surpresa ao saber que este rapaz era Tonino, um dos filhos do Chico. Sabendo quem eu era, o que eu estava fazendo ali e qual era o meu interesse, anteciparam o show de dança por minha causa, já que eu tinha um taxista agendado para antes do término do show. Um show de uma dançarina linda, Karina, que fechou com “chave de ouro” a minha viagem, me enchendo de inspirações para voltar a Brasil.



Saphyra (Cristiane Wilson)
http://www.saphyra.com.br/
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