30 outubro 2012

Turquia, a dança e a minha dança


Minha viagem para Turquia começou pelo convite da Marah, uma aluna-amiga que estaria indo para lá acompanhar o marido em um congresso. Não precisou convidar pela terceira vez que eu aceitei na segunda tentativa.

Uma viagem mágica, repleta de experiências.
Andar pelas ruas da Turquia é viver o tradicional e o moderno, é perceber que o antigo e o novo podem caminhar juntos no mundo contemporâneo.

A minha viagem sempre começa muito antes, quando mergulho na internet em busca de contatos, endereços e quase que como um detetive encontro pérolas que terão muito a me ensinar, neste momento já vou me conectando com a cultura local e me preparando para o que vou encontrar.

Eu sabia que uma nova onda de modismo vinda das novelas globais com autoria de Glória Peres estava por vir, mas não foi este o meu maior motivo. Não fui à Turquia movida pela novela Salve Jorge e sim para realizar parte das minhas pesquisas em danças ciganas pelo mundo, o material que eu encontraria lá era algo que me faltava. Tive aulas com pessoas maravilhosas, cada uma delas contribuiu a sua maneira para eu absorver e incorporar a dança cigana turca da minha maneira.  

Com Reyhan Tuzsuz
Em Istambul tive aulas com Reyhan Tuzsuz, linda, simpática, alegre e amigável foi com quem passei mais horas estudando. Naci Songur, músico que ensina danças folclóricas turcas e música para crianças em um Centro Cultural, me deu uma boa noção de ritmo e suas aulas me auxiliaram na compreensão do ritmo cigano turco, conhecido por 9/8. 


Eu, Marah e Naci Songur

Ainda em Istambul, o encontro com uma das lendárias bailarinas de dança do ventre, Princess Banu, com mais de 35 anos de experiência e que ainda guarda o glamour de ter sido uma bellydancer superstar. Uma aula de dança do ventre estilo turco, enriquecida por conversas sobre a dança do ventre egípcia e turca, as diferenças no seu ponto de vista. Mais interessante do que a aula foi o encontro com esta personalidade e a maneira de se dançar, de se ensinar, que ainda carrega conceitos antigos e que nos fazem refletir sobre a dança atual.


Paisagens da Capadócia

De Istambul para Capadócia, outro universo. Uma paisagem que sou incapaz de traduzir em palavras, mas que guardo a sensação de vivencia-la. Lá o contato com mais duas ciganas, com maneiras de dançar muito próprias, ampliaram o meu olhar acerca da dança cigana turca e o modo de vida cigano no Turquia. O medo de “ser cigano”, o preconceito para com esta comunidade na maioria pobre e a indiferença paralela à importância deles para a música e dança turca.


Foto 1: Saphyra, Clara e Marah com Sami e Filiz - Avanos
Foto 2: Cigana Nuran dançando - Kayseri

Clara Sussekind e Saphyra
Tudo fluiu da melhor forma nesta viagem e tudo foi se encaixando e organizando que aconteceu melhor do que eu planejei. O contato com a bailarina brasileira Clara Sussekind, que vive e dança na Capadócia foi mais um presente. De tudo que planejei para Turquia, ainda prorroguei minha estada lá por mais 10 dias, quando fiquei dançando no restaurante Harmandali no lugar da Clara enquanto ela vinha para o Brasil para a festa de estreia da novela Salve Jorge e gravações de mais cenas para ela. Por um lado, dançar na Capadócia, me renderia algum dinheiro que deixei de ganhar no Brasil no período da viagem e me ajudaria com parte dos gastos deste investimento, mas conquistei muito mais do que isso, foi uma grande experiência e um reconhecimento profissional que eu não esperava. Substituir a Clara Sussekind não é uma tarefa fácil, além de ser uma graça dançando, ela é muita querida na Capadócia. Senti uma tremenda responsabilidade, mas fiquei muito feliz em saber que fiz um bom trabalho.
Saphyra dançando em Harmandali restaurante - Uçhisar - Capadócia

Para falar sobre minha estada e dança na Turquia renderiam muitas e muitas páginas, pois são muitas histórias para contar, muitas experiências vividas, muita coisa aprendida... Por isso, fico por aqui.

Saphyra - Cristiane Wilson
30/10/2012

Um comentário:

Simone Rosa disse...

Olá SAphyra, parabens mais uma vez pelo teu trabalho. Realmente deve ser uma experiência e tanto! Conheci Clara aqui no Brasil e fiz um workshop com ela de dança cigana turca e me apaixonei pela dança e pela bailarina. Imagino que a Turquia deva reservar muitas surpresas boas e muito aprendizado! Felicidades a vc e continue assim! bj
Simone Rosa